Ao olhar para trás, relembro as inúmeras as vezes que foi necessário corrigir a rota. E nessas correções, descobri caminhos inimagináveis.
Entrei em algumas ruas sem saída, precisei voltar ao ponto de partida e recomeçar. Andei em círculos, mesmo com o gps me avisando que era preciso mudar a direção.
Nesse trajeto conheci pessoas, conheci lugares e me conheci, me reencontrei, me reformulei.
Em alguns momentos, caminhei na escuridão, e o medo logo chegou e não veio sozinho. Trouxe junto a tristeza, a raiva, a indignação. Ah! A falta de paciência e os lapsos de memória também fizeram questão de dar as caras. Tentei jogá-los para fora do carro, mas os danados sempre encontraram um jeito de voltar.
Ao invés de ignorá-los, mudei de tática. Chamei reforços e pedi ajuda para a alegria, para a esperança, para a resiliência e para a perseverança.
Juntas e com muito esforço, conseguimos diminuí-los de tamanho, deixando-os de um tamanho que foi possível guardá-los no porta luvas do carro. De vez em quando, eles fogem dali, crescem e tentam se sentar no melhor lugar possível para acompanhar a viagem. Quando isso acontece, paro e converso com eles. Ouço o que têm a dizer, mas logo consigo guardá-los novamente. E assim sei que eles sempre me acompanharão, mas eu digo a eles o tamanho que podem ter e onde vão se sentar durante a minha viagem.
E então, me deparo com o momento em que o único caminho é virar a esquina. Tentar voltar é impossível pois a estrada agora virou contramão. Depois desse longo trajeto de retas e curvas, subidas e descidas, desvios e descobertas, estou pronta para receber 2025 e embarcar nessa novo destino.