Recentemente, tenho me sentido numa gangorra emocional. Estou oscilando entre vontade de realizar e angústia. Tenho vários projetos legais em andamento: terminando a primeira versão de um livro, começando outro, escrevendo minha newsletter e gravando meu podcast. Ah, e para completar, comecei uma pós-graduação. Mas nada disso está indo na velocidade e da forma que eu gostaria por “n” motivos. A velocidade das coisas por si não é o que me angustia, e sim estar fazendo tudo isso para, daqui um ano, tudo ter ido para o espaço.
Levei muito tempo para fazer o que eu gosto, que é viver imersa no mundo literário. Escrever, ler, falar sobre livros, estudar, aprender. Mas me sinto constantemente na corda bamba, com dúvidas se estou fazendo a escolha certa. E por que digo isso? É um novo caminho, novos começos, novas dificuldades e sucessos. Isso não me assusta. O que me incomoda é ter demorado para ter coragem de andar por esse caminho e, justo agora, não parar de ser bombardeada por notícias de que a IA irá substituir tudo isso. Sim, eu sei. Não sou só eu que me sinto assim. Várias pessoas em várias áreas estão passando pelo mesmo. Não sei se é utopia, mas não consigo imaginar um robô que escreva com tanta emoção e profundidade como Clarice Lispector, por exemplo.
Imagino que quem viveu a Revolução Industrial também se sentiu assim. Muitos dirão que as coisas vão se ajeitar, que novas funções vão surgir. E no fundo, acho que o que me angustia mais é já estar farta com o que temos de tecnologia atrapalhando nossas vidas nesse momento, e me assusta pensar em como serão as relações sociais num futuro próximo. Penso nos meus filhos. É uma luta diária tirá-los do fascínio que o celular e suas milhões de funções exercem sobre eles. Limitamos tempo, exposição, etc., mas é inevitável. E por conta disso, me viro nos trinta para mantê-los ativos e fazendo coisas fora dos eletrônicos, o que demanda tempo que consome meu tempo de produzir e tudo vira um ciclo sem fim.
No outro lado da gangorra segue minha esperança, meu conforto. Em ver, conversar e ouvir tantas pessoas relatando essa mesma angústia e esse mesmo saco cheio de ter que lidar com essa necessidade de usar as redes sociais para divulgar nosso trabalho. É chato, é exaustivo, é um tempo precioso perdido. Num grupo que participo de escrita, sem brincadeira, não tem uma pessoa que se diz feliz com isso. Algumas aprenderam a conviver, já que é um mal necessário. Mas a grande maioria reclama