O que aprendri com a corrida

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O número de corredores aumentou substancialmente nos últimos anos. Segundo uma reportagem da CNN, o número de corridas de rua teve aumento 20% entre 2022 e 2023. Muitos atribuem esse aumento a um fenômeno pós-pandemia pela busca de atividades ao ar livre e em ter uma vida mais saudável.

Na minha adolescência meu esporte predileto era o vôlei. Com o passar dos anos, crescimento e adaptação a rotina passei a frequentar academias de ginástica. E antes dos treinos de força, sempre rolava um aquecimento na esteira. Uma corridinha leve. E assim foi, até há alguns anos.

Meu marido começou a correr, treinar com uma assessoria e fazer provas. Ele curtiu tanto que as maratonas passaram a fazer parte das nossas vidas. Eu, mãe de dois filhos, e tentando encaixar alguma atividade física, que fosse flexível na minha rotina, passei a correr também. Alternava o personal com a corrida em esteira. Mas, fui na cara e na coragem. Aumentando os quilômetros um pouco por semana, mas sem um treinador específico. Nem preciso dizer que deu ruim. Não evoluía de jeito nenhum e aquilo não me trazia o menor prazer. 

Achei que era falta de ter um objetivo. Tendo feito pouquíssimas provas de rua, resolvi treinar para uma meia maratona. Comecei a sentir uma dorzinha na perna, mais especificamente, no tibial. Me convenci que fazia parte do treino. Baixei da internet uma planilha de treino para meia maratona e fui seguindo, correndo na esteira, ignorando a dor.

Até que um dia, num treino de 15km, minha perna bambeou e doeu demais a pisada. Resolvi procurar um ortopedista e estava com microfraturas por estresse. No meu caso, causada por uma evolução rápida no treinamento de forma inadequada (aqui, faço uma ressalva da importância de seguir a orientação de um treinador). Tive que parar de correr por alguns meses, fazer fisioterapia, fortalecimento, etc.

Na volta aos treinos, fora o medo de me machucar novamente, encontrar ânimo para voltar foi um desafio. Sem contar o fôlego que tinha ido por água abaixo. Passei um tempo correndo 5km de forma devagar e com um sacrifício enorme. Daí em diante, ainda descobri uma hérnia lombar, tive covid e outras “desculpas” que ia encontrando ao longo do caminho para não correr. Mas em algum lugar dentro de mim, eu queria aprender a correr direito. Principalmente para manter um hábito de vida saudável.

Decidi treinar na mesma assessoria que meu marido treina. Conheci meu treinador, que é um guerreiro por me aturar, e que graças a Deus não desistiu de mim. Nem quando eu mesma já tinha desistido.

Estou treinando há mais ou menos dois anos com ele. Fazendo algumas provas de rua aqui e ali. Minha evolução estava lenta, porque eu seguia inventando desculpas, pulando treinos etc. Toda vez que eu estava num treino e sentia cansaço, eu pensava “esse negócio não é para mim”, “estou desperdiçando tempo e dinheiro” e daí vai. Mas, os dias que eu não corria, eu sentia falta.

Final do ano passado, quase não renovei meu contrato com a assessoria. Mas, o apoio, cobrança e incentivo do meu treinador (@fabiomferreira), me fizeram tentar mais uma vez. Mas daí, mudei minha cabeça e minha postura em relação aos treinos.  Decidi, antes de desistir de vez, levar a sério. Fazer exatamente o que vinha na minha planilha. Comer de forma correta, suplementar o necessário, e aqui entrou a relevância da minha nutricionista (@claudianutricionista) no direcionamento desse processo.

As corridas de rua são importantes para ter um objetivo. Não precisa ter prova todo fim de semana, mas ter algumas pela frente ajuda muito.

A cada treino que faço, minha maior briga é com a minha mente. A voz do “você sofre para fazer esse treino, acha que vai conseguir fazer uma prova como?”.

Comecei a construir uma estratégia de ter sim, o objetivo de melhorar e correr algumas provas, mas de pensar no curto prazo. De confiar no processo e na constância daquilo.

Montei uma playlist que me auxilia a dosar o ritmo. ( Sei que correr ouvindo música é controverso, mas para mim ajuda e muito). E passei a pensar e focar no treino daquele dia. E funcionou. Comecei a gostar de correr de verdade, a melhorar a cada treino, a não faltar mais. A colocar, para mim, a importância que meu treino tem, pela saúde física e mental.

Hoje, sigo nesse esforço de trazer minha mente para o treino do dia. E pensar que a prova alvo é o resultado de um processo, de uma quantidade e qualidade de treinos. Entendi a importância de termos pessoas qualificadas e especialistas nos auxiliando, mas acima de tudo, pessoas que saibam dosar o incentivo sem extrapolar a cobrança. Talvez, se meu treinador tivesse tido outra postura comigo no meu momento de indecisão sobre continuar ou não, eu teria desistido.

E hoje, para mim, fora as questões de saúde, o maior aprendizado que a corrida me trouxe foi o de aprender a viver no presente. A estar focada e concentrada naquele momento, naquele treino. A confiar no processo, no meu treinador, na minha nutri, nas pessoas que estão junto nessa caminhada. Vai dar ruim? Claro que vai! Mas, a gente volta, refaz o que deu errado e segue adiante.

E esse aprendizado é algo que reflete na minha vida fora da corrida. Toda vez que me pego entrando num fluxo de pensamento láaaaaa adiante, paro e penso: lá na frente e consequência do que eu fizer hoje, agora. E consigo voltar meu foco para o momento presente.

Não sou uma corredora rápida, não sou maratonista, e nem sei se um dia serei. O que sei, é que farei o treino de hoje da melhor forma e com a melhor dedicação que eu puder. O resto, o tempo dirá.

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