Que Mundo vamos deixar para os nossos filhos?

Em janeiro de 2023 tirei essa foto numa exposição de arte de rua em Miami. Ela me marcou muito e nem de perto, a foto é capaz de transmitir o que foi vê-la ao vivo. Desde então, ela vai e volta na minha cabeça trazendo junto um caminhão de perguntas. A maioria delas sem resposta. Mas minha cabeça vivia me dizendo para eu escrever algo sobre ela. Levei mais de um ano para conseguir. 

O que sinto quando olho para ela? O que ela representa para mim?

Olhar para ela me traz alegria e esperança, mas ao mesmo tempo uma angústia grande. Que mundo estamos deixando para nossas crianças? Imagino que seja uma pergunta inevitável para mães e pais.

Me considero uma pessoa otimista e tento olhar o copo meio cheio nas situações. Porém, não sei se é porque meus filhos estão crescendo (um já é adolescente!) ou se porque 2023 foi um ano mais pesado, mas em alguns momentos me sinto remando contra a maré. Guerras e mais guerras, assaltos, fome, clima louco, pessoas sem paciência, evolução assustadora da IA (sim, sou uma das que tem um tiquinho de desconfiança desse frenesi todo), celulares invadindo cada vez mais nossa vida. Antes que pensem que sou louca, não sou contra a tecnologia. O que me causa espanto é a velocidade e o descontrole das pessoas na sua utilização.

Recentemente me senti mais aliviada quando numa conversa com amigos, surgiu esse assunto e percebi que não estou sozinha. Acho que poderia dizer que o que sentimos é uma angústia de como podemos educá-los para um futuro que não sabemos como será. Meu filho mais velho começa a pensar em profissão. Como orientá-lo a escolher algo diante de tantas mudanças velozes e furiosas? Muitos dirão que isso é inerente a todos os pais e imagino que seja mesmo, mas o que me dá medo é a velocidade das mudanças que vêm acontecendo ultimamente.

Cheguei a conclusão que é bem complexo pensar que mundo vamos entregar para nossas crianças. São inúmeras variáveis externas que não controlo (quem poderia imaginar passar por uma pandemia como em 2020?!) portanto não posso imaginar o que nos espera. Existem muitas teorias conspiratórias sobre isso das quais nem gosto de falar. Penso que o melhor a fazer é lançar mão do meu lado otimista e da minha fé, e acreditar que tudo tem um motivo e que depois da tempestade vem a bonança. Veja, não estou falando em viver na positividade tóxica, muito pelo contrário. O que faz sentindo para mim é integrar as sombras que todos temos, e para isso encará-las, vivê-las, senti-las. E quando penso nisso expandindo para o mundo, imagino que o que estamos vivendo agora é esse momento de caos. De encarar a podridão, de expor as lutas por poder, por dominação, por ganância, aprender a analisar o que é fake News ou não. E a partir daí, seguirmos para uma nova realidade que sei lá quanto tempo demorará para ser construída.  De um lado vemos a tecnologia mudar numa velocidade assustadora, de outro, tantas pessoas ainda vivendo sem nem ter água encanada em suas casas. Será que nosso fim será como os personagens daquele desenho Wall-e? Torço para que não. Torço para que no meio disso tudo, passemos a dar valor para tudo aquilo que estamos deixando de lado: a vida real.

E o que fazer então? De verdade, não sei. Mas, penso que a melhor arma que tenho nessa caminhada, é o amor. Aquela frase “Amar ao próximo como a si mesmo” expressa tanta coisa. Tão simples e tão complexa. Mas, se tem um legado que gostaria de deixar para os meus filhos é o de viver e construir um mundo de amor e respeito, já que isso é independe se estaremos vivendo na Terra, em Marte ou na Lua.

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