Nas últimas semanas, terminei de ler um dos livros da autora Kristin Neff, que se chama “Autocompaixão – Pare de se torturar e deixe a insegurança para trás”. Resumidamente, ela aborda o quanto a maneira como lidamos e escutamos nossos diálogos internos pode nos afetar.
Até ler esse livro, não fazia a real ideia do que é Autocompaixão. A primeira coisa que me vinha a mente era algo parecido com Autopiedade, e isso, é tudo o que a Autocompaixão não é. Autocompaixão é tratar a nós mesmos, com o carinho, acolhimento, gentileza e apoio, como fazemos por outras pessoas. É fazer por nós o que faríamos por alguém querido que está sofrendo.
Vivemos numa sociedade competitiva, onde muitas vezes somos comparados com os outros. Quem nunca ouviu algo “ah mas, fulano na sua idade era vice-presidente de empresa, com MBA e tudo mais” ou “fulana teve uma carreira meteórica e ainda cuidou dos filhos”. Situações como essas, dentre tantas outras, vão fortalecendo nosso próprio autojulgamento, quando não nos sentimos aptos ou felizes com nada. Isso pode ser devastador.
Para que traga algum efeito positivo e produtivo em nós, devemos trocá-lo por Autoavaliações, isto é, identificar onde podemos melhorar, acolhendo nossas fraquezas. A partir daí, fica mais fácil entender a Autocompaixão.
É preciso saber e aceitar que somos humanos e vamos falhar, que não somos perfeitos. Reconhecer nossos sentimentos diante das situações, interromper o autojulgamento constante, compreender nossas franquezas ao invés de simplesmente condená-las.
Apesar de ninguém gostar de sentir que falhou, pode ser mais difícil para alguns do que para outros. Isso pode ter “n” motivos, geralmente quando nossa família é muito crítica, principalmente os pais, a tendência é que nos tornemos mais autocríticos, que tenhamos mais medo de errar, de decepcionar, de não estar acima da média. Somos treinados a pensar que críticas são ferramentas motivacionais úteis e necessárias, mas muitas vezes nos levam a autocrítica excessiva.
A constante busca por perfeição é outro exemplo. Desenhamos objetivos e não toleramos nenhuma situação que nos impeça de atingir nossos próprios ideais. Do outro lado, e tão ruim quanto, é o auto engrandecimento exagerado, onde se tem necessidade de ser melhor que o outro o tempo todo e em tudo. Não podemos nunca estar na média. Nos enxergamos como melhores e diminuímos o outro – “Você é rico, mas é baixinho.” Isso gera um ciclo de autocrítica onde nunca podemos ser inferior que os outros. Que fique claro que ter amor-próprio não é o problema, o problema é como escolhemos fazer isso: de forma saudável ou doentia.
Quem nunca falou para si mesmo frases como: “fui um estúpido”, “sou burro, não sei fazer isso”, “fulano resolve isso muito mais rápido do que eu”, dentre tantas outras que repetimos diariamente.
Ao aplicarmos a Autocompaixão, estamos falando em escolher nos relacionarmos conosco com bondade, ao invés de desprezo e isso pode ser altamente pragmático. Em seu livro, Kristen traz três perguntas para usarmos: O que estou sentindo? O que preciso agora? Tenho algo a pedir a mim mesmo ou a alguém? O processo aqui é ouvir e validar as nossas necessidades e expressar empatia com você mesmo ao invés de condenação.
Quando tentamos suprimir pensamentos e emoções indesejadas de forma consciente, o que conseguimos é torná-los mais fortes. O caminho da Autocompaixão é um exercício onde a busca é lidar produtivamente com as emoções, através da presença e da atenção plena, do reconhecimento e do acolhimento delas.
Kristen traz uma história dos nativos americanos, que talvez muitos já tenham ouvido, mas vou colocá-la aqui como um convite diário para pensarmos sobre como queremos viver.
“Um velho cherokee ensinando o neto sobre a vida. Uma luta está acontecendo dentro de mim; disse ele ao menino. É uma luta terrível entre os dois lobos. Um deles é o mau: raiva, inveja, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, autopiedade, culpa, ressentimento, inferioridade, mentiras, falso orgulho, superioridade e ego. O outro é bom: alegria, paz, amor, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé. A mesma luta está acontecendo dentro de você e de outras pessoas também. O neto pensou naquilo por alguns minutos e perguntou ao avô: Qual lobo vai ganhar? O velho cherokee simplesmente respondeu: Aquele que você alimentar”.
Desde que me deparei com esse conceito da Autocompaixão tenho exercitado constantemente minha mente e emoções para colocá-lo em prática. E, se fez sentido para você também recomendo que leia o livro da Kristen Neff e ouça o podcast da Regina Giannetti, no Spotify, chamado de Autoconsciente. O episódio 93 fala sobre esse mesmo tema.
Adorei o texto e já fiquei animada para ler o livro e aprender mais sobre autocompaixão. Obrigada Dani por compartilhar e pelas dicas !
Obrigada!! Leia sim, você vai gostar!
Legal Dani!
Um bom estímulo para reflexões.
Obrigada!!
Que bacana sua reflexão e tantos pensamentos compartilhados conosco! Sem dúvida um aprendizado diário sermos mais gentis conosco, já que é sempre “mais fácil” ser gentil com o outro e isso é “alimento para o nosso ego”… também para pensarmos 😘😘😘
Sim Pati… é mais “fácil” olhar para fora ne? Só que temos que começar com a gente…bjs e obrigada
Profundo é necessário.
Obrigada pela partilha.
Dani…
Vc é incrível!
Obrigada pelo texto …